segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Acidente vascular cerebral

O acidente vascular cerebral (acrônimo: AVC), ou acidente vascular encefálico (acrônimo: AVE), vulgarmente chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais (hemorragia). É uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Pode ainda evoluir com coma e outros sinais.

Trata-se de uma emergência médica que pode evoluir com sequelas ou morte, sendo a rápida chegada no hospital importante para a decisão terapêutica. No Brasil, a principal causa de morte são as Doenças Cardiovasculares, com o AVC ocupando um papel importante, principalmente em camdas sociais mais pobres. Trata-se ainda de elevado ônus para a previdência social.[1]

São fatores de risco para AVC a idade avançada, hipertensão arterial (pressão alta), tabagismo, diabetes, colesterol elevado, acidente isquêmico transitório (AIT) prévio e fibrilação atrial.

Índice

Classificação e fisiopatologia

Tomografia mostrando uma área enegrecida compatível com AVC isquêmico

Os acidentes vasculares do cérebro podem ser basicamente decorrentes da obstrução de uma artéria que irriga o cérebro (ou seja, por isquemia) ou podem ser por vasamento de sangue de um vaso sanguíneo (ou seja, hemorrágico). Cabe ressaltar que o termo "derrame" não é apropriado, visto que em apenas uma parte dos AVCs (na verdade a minoria deles) ocorre um derramamento de sangue no parênquipa encefálico.[2]

AVC isquêmico

É o tipo de AVC mais comum, presente em cerca de 80% dos casos. Ocorre pela falta de fluxo sanguíneo cerebral, levando ao sofrimento e infarte do parênquima do sistema nervoso. Essa queda no fluxo sanguíneo pode ser decorrente de:

  • Uma obstrução arterial: um trombo ou, mais comumente, um êmbolo;
  • Queda na pressão de perfusão sanguínea, como nos estados de choque;
  • Uma obstrução na drenagem do sangue venoso, como na trombose venosa, causando dificuldade de entrada do sangue arterial no cérebro.

Nos primeiros momentos do AVC isquêmico não há morte de tecido cerebral, mas a falta de suprimento sanguíneo provoca a rápida degeneração do tecido cerebral, um tecido metabolicamente muito ativo e que demanda muito oxigênio e glicose para manter seus neurônios vivos. A área central do acidente vascular morre em pouco tempo, pois está virtualmente sem nenhum fluxo de sangue. Todavia, existe uma região ao redor do infarto central que possui um fluxo de sangue reduzido, que se mantém viável por mais tempo. A essa área dá-se o nome de penumbra. É na penumbra, uma área parcialmente perfundida, mas ainda viável, que deve-se concentrar os esforços terapêuticos. É por isso também que o tempo do início do ataque vascular cerebral até a reversão da obstrução de sangue é importante na evolução do AVC isquêmico.

O AIT ou ataque isquêmico transitório pode ser considerado um tipo de AVC isquêmico. Corresponde a uma isquemia (entupimento) passageira que não chega a constituir uma lesão neurológica definitiva e não deixa sequela. Ou seja, é um episódio súbito de deficit sanguíneo em uma região do cérebro com manifestações neurológicas que se revertem em minutos ou em até 24 horas sem deixar sequelas (se deixar sequelas por mais de 24 horas, passa a se chamar acidente isquêmico vascular por definnição). Constitui um fator de risco muito importante, visto que uma elevada porcentagem dos pacientes com AIT apresentam um AVC nos dias subsequentes. É possível que a definição de AIT venha a sofrer alterações, pois com exames mais acurados já é possível identificar lesões/sequelas cerebrais antes imperceptíveis em alguns AITs e, além disso, estudos clínicos mostram que a maioria dos AITs dura menos de 1 hora. Assim, o AIT que dura mais de uma hora provavelmente será um AVC e talvez possa provocar uma lesão cerebral, mesmo que imperceptível.

Tomografia mostrando hemorragia intracerebral e intraventricular.

AVC hemorrágico

É o acidente vascular cerebral menos comum presente em cerca de 20% dos casos, mas não menos grave. Ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intracraniano. O sanque em contato com o parênquima nervoso tem ação irritativa. Além disso, a inflamação e o efeito de massa ou pressão exercída pelo coágulo de sangue no tecido nervoso prejudica e degenera o cérebro e a função cerebral. Pode ser divido em dois tipos, O sangramento intraparênquimatoso ou a hemorragia subaracnóidea:

  • O sangramento inttraparênquimatoso ocorre por ruptura dos aneurismas de Charcot-Burchard, pequenas formações saculares das artérias cerebrais na transição da substância branca com o córtex cerebral que se formam pela hipertensão arterial descontrolada ou não tratada.
  • A hemorragia subaracnóide ocorre por sangramento de aneurismas cerebrais(defeito ou formações saculares das artérias) no espaço licórico ou subaracnóideo. Eles tem provavelmente origem congênita.

Ver tembém cérebro humano.

Diagnóstico

O diagnóstico do AVC é clínico, ou seja, é feito pela história e exame físico do paciente. Perda ou dificuldade súbita do movimento dos membros de um mesmo lado do corpo sugere fortemente AVC. Outros sintomas menos específicos, como queda do estado geral e coma, também levantam a chance de AVC. É boa prática que a hipótese seja confirmada por um exame de imagem, tomografia computadorizada e ressonância magnética, que permitem ao médico identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.[3]

Segundo o médico Dr. Luís Fernando Aranha Camargo, do hospital Albert Einstein, sobre o diagnóstico do AVC:

A agilidade no diagnóstico permite iniciar rapidamente o tratamento. A precisão determina a terapia correta a ser adotada.

A tomografia pode ser o exame inicial de escolha por sua disponibilidade e rapidez. Serve principalmente para diferenciar o AVC por entumento/isquemia do hemorrágico, o que muda radicalmente a conduta médica. Uma tomografia normal dentro das primeiras 24 horas de um AVC isquêmico é algo esperado e confirma o diagnóstico, pois a maioria dos ataques isquêmicos não provoca lesões visíveis tão precoces nesse exame. Apenas lesões extensas ou mais antigas podem ser vistas na tomografia no AVC isquêmico ou, ainda, sinais indiretos de AVC como edema cerebral. Já o AVC hemorrégico costuma vir com imagem na tomografia indicando vasamento de sangue. Pode-se, ainda que menos comum, usar mão da retirada por punção lombar do líquor para o diagnóstico de AVC hemorrágico com tomografia normal.

Embora mais precisa que a tomografia, a ressonância magnética não costuma mudar a conduta médica e pode ainda atrasar o tramento correto, o que pode ter impacto na recuperação do paciente. Contudo, é uma opção que pode ser útil em casos selecionados.

Reabilitação e Evolução

O processo de reabilitação pode ser longo, dependendo das características do próprio AVC, da região afetada, da rapidez de atuação para minimizar os riscos e do apoio que o doente tiver. O sistema nervoso central todo pode ser acometido por esta doença, o que inclui, além do cérebro, o tronco encefálico, o cerebelo e até a medula espinhal.

Assim o lobo frontal está mais ligado às decisões e movimentos; o lobo parietal com os movimentos do corpo, parte da fala e com a sensibilidade do pescoço até os pés; e o lobo occipital com a visão. Já o cerebelo está ligado com o equilíbrio e o tronco cerebral está ligado à respiração e aos movimentos e sensibilidade da cabeça. Claro que isto é uma explicação básica e deve-se ter em mente que todo sistema nervoso está interligado podendo uma lesão em uma mínima parte ter grandes repercussões no todo. A localização e as implicações da lesão podem ser difíceis de diagnosticar, devendo a pessoa acometida ser avaliada por um médico e equipe multidisciplinar, ou seja, com vários profissionais da saúde de diversas áreas.

No caso e um AIT ou acidente isquêmico transitório, não ocorre sequela. No entanto, a prevenção de outro AVC deve ser instituída devido ao alto risco de novo ataque dessas pessoas. No caso de um acidente encefálico associado a déficits motores, necessita-se de acompanhamento da equipe de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais para potencializar e fortalecer os músculos que ainda possuem a inervação funcionante para assim diminuir as deficiências que podem ter sido causadas; no caso de problemas na fala e/ou deglutição um fonoaudiólogo pode ser necessário.

Vale lembrar que o AVC é uma doença que merece muita atenção pela mudança que pode provocar na dinâmica da vida da vítma, da vida da sua família e das pessoas que dela cuidam. A vítma, antes totalmente funcional, pode se tornar totalmente dependente física e finaceiramente de seus cuidadores. Pode, uma vez acamada, desencadear poutras complicações, como escaras de decúbito, pneumonia e constipação. Além disso, existe descrito o stress do cuidador - que, aliás, também deve ser abordado e ouvido no tratamento do paciente acamado, minimizando as sequelas familiares.

A melhor maneira de lidar com o AVC é preveni-lo controlando todos os fatores causais já citados, novamente mencionando que a principal é a hipertensão arterial sistêmica.

Tratamento dietoterápico

  • Mudanças nos hábitos alimentares durante a recuperação
  • Regularizar os horários das refeições para que se possa aumentar o fracionamento.
  • É recomendado realizar refeições pequenas e frequentes, de 6 a 8 refeições por dia, sendo elas: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia;
  • Comer devagar;
  • Selecionar uma grande variedade de alimentos;
  • Os alimentos devem ser bem cozidos e servidos em consistência pastosa na forma de papas, purês, cremes e mingaus;
  • Usar caldo de carne e molhos para umedecer carnes e legumes.
  • Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições, a fim de evitar a sensação de plenitude gástrica;
  • Beber bastante líquido no intervalo das refeições, ao longo do dia;
  • Os líquidos devem ser espessados e sorvidos lentamente;
  • Espessar os líquidos com cereais infantis, batatas amassadas, flocos de batata, ou amido de milho.
  • Oferecer alimentos na temperatura fria e nunca alimentos quentes para evitar náuseas;
  • Para aumentar o aporte calórico e evitar a perda de peso, acrescentar: óleos (ricos em gordura monoinsaturada), azeite, margarinas, queijos cremosos, molhos, açúcar, mel e farinhas às preparações;
  • Aumentar a ingestão de frutas, sendo que estas devem ter suas fibras abrandadas pelo calor ou devem ser servidas amassadas para facilitar a deglutição;
  • Dar preferência ao leite e derivados desnatados;
  • Evitar alimentos gordurosos, ingestão de alimentos fonte de gordura saturada, gordura trans, frituras e queijos amarelos;
  • Moderar o consumo de café, álcool, chá preto, chá mate, chocolate, refrigerante e alimentos condimentados;
  • Evitar esforçar-se após as refeições (20 a 30 minutos após a ingestão de alimentos);
  • A última refeição do dia deve ser realizada cerca de 3 horas antes de deitar;
  • Evitar roupas apertadas, especialmente após as refeições;

Fatores de risco para AVC

Existem diversos fatores considerados de risco para a chance de ter um AVC, sendo o principal a hipertensão arterial sistêmica não controlada e, além dela, também aumentam a possibilidade o diabete melitus, doenças reumatológicas, trombose, uma arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial, estenose da válvula mitral, entre outras.

Principais fatores de risco

  • Hipertensão arterial: é o principal fator de risco para AVC. Na população, o valor médio é de "12 por 8"; porém, cada pessoa tem um valor de pressão, que deve ser determinado pelo seu médico. Para estabelecê-lo, são necessárias algumas medidas para que se determine o valor médio. Quando este valor estiver acima do normal daquela pessoa, tem-se a hipertensão arterial. Tanto a pressão elevada quanto a baixa são prejudiciais; a melhor solução é a prevenção. Deve-se entender que qualquer um pode se tornar hipertenso. Não é porque mediu uma vez, estava boa e nunca mais tem que se preocupar. Além disso, existem muitas pessoas que tomam corretamente a medicação determinada porém uma só caixa. A pressão está boa e, então, cessam a medicação. Ora, a pressão está boa justamente porque está seguindo o tratamento. Geralmente, é preciso cuidar-se sempre, para que ela não suba inesperadamente. A hipertensão arterial acelera o processo de aterosclerose, além de poder levar a uma ruptura de um vaso sangüíneo ou a uma isquemia.
  • Doença cardíaca: qualquer doença cardíaca, em especial as que produzem arritmias, podem determinar um AVC. "Se o coração não bater direito"; vai ocorrer uma dificuldade para o sangue alcançar o cérebro, além dos outros órgãos, podendo levar a uma isquemia. As principais situações em que isto pode ocorrer são arritmias, infarto do miocárdio, doença de Chagas, problemas nas válvulas, etc.
  • Colesterol: o colesterol é uma substância existente em todo o nosso corpo, presente nas gorduras animais; ele é produzido principalmente no fígado e adquirido através da dieta rica em gorduras. Seus níveis alterados, especialmente a elevação da fração LDL (mau colesterol, presente nas gorduras saturadas, ou seja, aquelas de origem animal, como carnes, gema de ovo etc.) ou a redução da fração HDL (bom colesterol) estão relacionados à formação das placas de aterosclerose.
  • Tabagismo: O hábito é prejudicial à saúde em todos os aspectos, principalmente naquelas pessoas que já têm outros fatores de risco. O fumo acelera o processo de aterosclerose, diminui a oxigenação do sangue e aumenta o risco de hipertensão arterial.
  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas: quando isso ocorre por muito tempo, os níveis de colesterol se elevam; além disso, a pessoa tem maior propensão à hipertensão arterial.
  • Diabetes: é uma doença em que o nível de açúcar (glicose) no sangue está elevado. A medida da glicose no sangue é o exame de glicemia. Se um portador desta doença tiver sua glicemia controlada, tem AVC menos grave do que aquele que não o controla.
  • Idade: quanto mais idosa uma pessoa, maior a sua probabilidade de ter um AVC. Isso não impede que uma pessoa jovem possa ter.
  • Sexo: até aproximadamente 50 anos de idade os homens têm maior propensão do que as mulheres; depois desta idade, o risco praticamente se iguala.
  • Obesidade: aumenta o risco de diabetes, de hipertensão arterial e de aterosclerose; assim, indiretamente, aumenta o risco de AVC.
  • Anticoncepcionais hormonais: Atualmente acredita-se que as pílulas com baixo teor hormonal, em mulheres que não fumam e não tenham outros fatores de risco, não aumentem, significativamente, a ocorrência de AVC.
  • Condições de vida: Uma pesquisa da Associação Americana Derrame, sugere que homens solteiros ou infelizes no casamento correm mais risco de sofrer AVC [4].
  • Malformação arteriovenosa cerebral: Distúrbio congênito dos vasos sangüíneos do cérebro nos sítios onde exista uma conexão anormal entre as artérias e as veias. [5]

Prevenção

Como todas as doenças vasculares, o melhor tratamento para o AVC é identificar e tratar os fatores de risco como a hipertensão, aterosclerose, o diabetes mellitus, o colesterol elevado, cessar o tabagismo e o etilismo, além de reconhecer e tratar problemas cardíacos. A essa prática se dá o nome de prevenção primária.

Se houver atendimento médico rápido, dentro de um determinado tempo, a área afetada poderá ser normalizada. A essa prática de prevenção que se baseia no atendimento médico eficiente se dá o nome de prevenção secundária.

Caso ocorram sequelas, deve ser iniciado um programa de reabilitação e cuidados com o paciente que inclui equipe multidisciplinar, ou seja, com vários profissionais de diferentes áreas da saúde - fisioterapia, fonodiaulogia, pscicologia, enfermeiros e médicos. A reabilitação é um tipo de prevenção terciária do paciente.

Tratamento da PA no AVC isquêmico

O manejo da pressão arterial no AVC isquêmico é altamente polêmico, uma vez que tanto pressões muito altas como muito baixas podem ser fatais. Ambas as situações podem apresentar um potencial de morbi-mortalidade, pois a hipertensão pode estar associada à transformação hemorrágica e recorrência do AVC, enquanto a hipotensão é suspeita de levar a uma baixa perfusão, provocando lesões definitivas da zona da penumbra isquêmica e levando a um pior prognóstico. O tratamento de redução da PA desses pacientes já foi associado a uma melhora de prognóstico e há um aumento da eficiência e segurança do tratamento trombolítico mas outros estudos correlacionam a redução da PA, assim como a hipotensão do AVC com um pior prognóstico neurológico, com maior morbidade e mortalidade. Alguns especialistas chegam a sugerir o aumento induzido da pressão arterial em pacientes hipotensos com AVC. A causa desse aparente paradoxo não é bem esclarecida, e suspeita-se que diferentes modalidades e circunstâncias do AVC determinem um papel diferente para a pressão arterial no prognóstico do paciente.

A maioria dos neurologistas concorda que pressões excessivamente elevadas ( PAS > 220 mmHg) estão associadas a um prognóstico pior, mas a hipotensão ( PAS <>

Em presença dessas incertezas, o protocolo de manejo da PA em pacientes com AVC isquêmico agudo se baseia essencialmente na opinião de especialistas, que recomendam reduzir a PA em casos nos quais esta se encontra excessivamente elevada (PAS>220 mmHg), ou quando a redução for associada ao tratamento trombolítico. Nos demais casos a redução da PA não é recomendada.



Referências

  1. CARACTERÍSTICAS DO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM HOSPITAL SECUNDÁRIO Dra. Márcia Radanovic http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2000000100015&lang=pt
  2. CARACTERÍSTICAS DO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM HOSPITAL SECUNDÁRIO Dra. Márcia Radanovic http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2000000100015&lang=pt
  3. CAMARGO, Luís Fernando Aranha (2010). Página Einstein. Revista Veja, editora Abril, edição 2162, ano 43, nº 17, pág. 59
  4. Homens solteiros ou 'mal casados' têm mais chance de sofrer AVC, diz estudo - G1, 25 de fevereiro de 2010 (visitado em 25-2-2010).
  5. http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/000779.htm

Ligações externas

Ela teve um AVC com 23 e luta contra as sequelas

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A Condução e as condições meteorológicas adversas



As condições meteorológicas que caracterizam o Outono e o Inverno são factor de risco acrescido na condução.

Chuva, nevoeiro, gelo e neve alteram substancialmente as condições da circulação rodoviária, cabendo ao condutor adoptar comportamentos ajustados a estas situações e adaptar a condução às várias circunstâncias com que vai sendo confrontado.

Os principais factores que concorrem para uma maior perigosidade da condução sob condições meteorológicas adversas são:
Para atenuar estes efeitos é necessário que o condutor:

Verifique regularmente as condições técnicas do seu veículo.

Adapte a condução ao estado do piso, às condições de visibilidade, ao estado e carga do veículo, às suas próprias condições psicofisiológicas e à intensidade do tráfego.


O Veículo



Pneus - O piso molhado ou escorregadio provoca diminuição considerável das condições de aderência, as quais podem ainda ser agravadas por pneus em mau estado. Por isso há que verificar o seu bom estado de conservação e a pressão, mantendo-a de acordo com o prescrito pelo fabricante, não esquecendo o sobresselente.


Sistema de iluminação e sinalização - Os faróis, as luzes de presença, de travagem (stops) e os pisca-pisca devem encontrar-se em boas condições de funcionamento. A limpeza dos vidros dos elementos ópticos é essencial. No caso dos faróis, a sujidade pode reduzir-lhe a intensidade em 40%.

É importante assegurar também o bom funcionamento do sistema de travagem, da bateria, dos amortecedores, do limpa pára-brisas e do estado de conservação das escovas.



O comportamento do condutor
Sendo, nestas condições, a deficiente visibilidade e a diminuição da aderência ao piso os maiores problemas, os principais comportamentos a adoptar são:

Aumento da distância de segurança

Redução da velocidade
Circulação em médios
Mas porquê adoptar estas precauções

Aumento da distância em relação ao veículo da frente
(distância de segurança)
• O piso molhado ou escorregadio faz com que a distância de travagem (distância percorrida pelo veículo desde o momento em que o condutor inicia a travagem, até à sua imobilização total) aumente e consequentemente, a distância de paragem se for necessário parar o veículo. Assim, facilmente se compreende que em tais situações a distância de segurança, que depende apenas da avaliação do condutor, deve ser aumentada. Se o condutor do veículo da frente tiver que fazer uma travagem/paragem brusca ou uma diminuição inesperada de velocidade, o condutor que o precede terá tempo para agir, minimizando, assim, o risco de colisão.
• O factor dominante na ocorrência de acidentes em cadeia que acontecem, sobretudo, quando a visibilidade é reduzida, reside sobretudo na falta de manutenção de distâncias de segurança suficientes para evitar colisões, em concorrência com a deficiente visibilidade que não permite ver a via para além do veículo da frente.
Redução da velocidade
• A distância de travagem é tanto maior quanto mais elevada for a velocidade. É pois necessário reduzi-la quando a visibilidade se encontra diminuida. Só assim é possível travar dentro do espaço visível, espaço este que é menor com chuva, nevoeiro ou neve.

• Por outro lado a distância de travagem também aumenta quando a aderência ao piso se encontra prejudicada, pelo que nestas condições a redução da velocidade é o factor que mais pode contribuir para que a distância de travagem seja menor.
Tendo presente que muitos acidentes se podem evitar com uma travagem e, se necessário, paragem atempada do veículo, facilmente se conclui da necessidade de reduzir tanto quanto possível essa distância
• Há que considerar ainda que quanto mais elevada for a velocidade maior o risco de derrapagem, mais provável com piso molhado ou escorregadio.
Contudo, se o veículo entrar em derrapagem o condutor não deve travar, deve desembraiar (para libertar as rodas motrizes) e tentar controlar o veículo por pequenos toques no volante, virando as rodas no mesmo sentido da derrapagem.

Circulação em médios
• Com chuva, nevoeiro ou neve a visibilidade pode ficar muito reduzida. Nestas condições é essencial ser visto pelos outros condutores e restantes utentes da via pública, pelo que deve circular com os médios. Em caso de nevoeiro deve activar, também, o farol de nevoeiro e ter presente que a circulação em máximos pode, neste caso, representar um risco acrescido, pois transformam o nevoeiro num écran branco que reflecte a luz, reduzindo ainda mais a visibilidade.
Para ver melhor deve evitar o embaciamento dos vidros, através da regulação do sistema de aquecimento.

Além destes comportamentos, que devem ser sempre adoptados, há situações que requerem cuidados específicos .


Com chuva
• No início.

É necessário tomar de imediato precauções quando das primeiras gotas de chuva.

É no início, logo que caem as primeiras gotas, que o piso se torna particularmente escorregadio devido à mistura da água com a sujidade acumulada sobre a superfície da via. Modere desde logo
a velocidade e aumente a distância em relação ao veículo da frente.
• Poças de água

Ao passar sobre uma poça de água faça-o muito devagar e em 1ª velocidade, pois o choque com a água pode desequilibrar o veículo e provocar uma derrapagem. Posteriormente, experimente os travões que, estando molhados, poderão não funcionar bem. Deixe-os secar, conduzindo lentamente e pressionando ao de leve o pedal do travão. Para além disto, nunca se sabe se a poça de água esconde um buraco o que, principalmente se conduzir um veículo de duas rodas, pode ter consequências graves.
• Aquaplanagem ou hidroplanagem

A água, os pneus em más condições ou com pressão baixa e as velocidades elevadas, podem causar a aquaplanagem. Esta ocorrência consiste na perda total do contacto dos pneus com o piso, deslizando o veículo sobre uma superfície de água, o que faz com que o condutor perca o controlo sobre a direcção e, consequentemente, sobre a trajectória do veículo.
• Peões e condutores de veículos de duas rodas

Os peões e os condutores de veículos de duas rodas ficam ainda mais vulneráveis ao circular com chuva. Os chapéus de chuva, no caso dos peões, a chuva nos óculos ou nas viseiras dos capacetes no caso dos "duas rodas", prejudicam-lhes a visibilidade e o barulho da chuva impede-os de ouvir claramente. Têm tendência para fazer movimentos de desvio a fim de evitar a lama e as poças de água.
Na presença destes utentes o condutor deve estar preparado para se confrontar com comportamentos imprevistos.
Com nevoeiro
• Com nevoeiro não se deve ultrapassar pois a falta de visibilidade torna a manobra muito difícil e arriscada. Vêem-se mal os veículos que circulam em sentido contrário, havendo ainda que levar em conta que o veículo que segue à frente como que espalha o nevoeiro dando ao condutor de trás uma falsa informação; ao ultrapassar pode deparar-se-lhe um nevoeiro muito mais espesso.
Com estas condições atmosféricas a fadiga surge com mais facilidade devido ao esforço do condutor para tentar ver sempre mais além. Por outro lado, o nevoeiro abafa os sons, ouvindo-se mal os outros veículos, sendo por isso aconselhável fazer uso do sinal sonoro, quando necessário.
Se o nevoeiro for muito espesso, o condutor tem mesmo dificuldade em orientar-se pelo que deve avançar "a passo", tomando a berma direita como referência.
Com Neve ou Gelo
• Com neve e, principalmente, com gelo (ou geada), a aderência dos pneus ao piso é quase nula e o veículo facilmente pode patinar, tornando-se difícil controlá-lo. Para minorar este risco coloque as correntes regulamentares nos pneus, de forma a aumentar a aderência.
Deve-se circular a velocidade muito lenta; não fazer travagens ou acelerações bruscas e manobrar o volante com suavidade.
Sentindo-se a direcção "solta", deve reduzir-se mais a velocidade sem fazer uso do travão, levantando o pé do acelerador e corrigindo suavemente a direcção.
Um outro aspecto a ter em atenção e face ao qual há que tomar os devidos cuidados é o facto de, ao depositar-se na via, a neve cobrir as marcas rodoviárias chegando mesmo, por vezes, a impedir a visão dos sinais verticais. Com grandes nevões o mais seguro é não viajar.

Com Vento
• Há ainda que considerar um outro factor meteorológico perante o qual os condutores devem, também, adoptar comportamentos defensivos. É o caso de rajadas de vento ou vento forte.
Nestas situações o condutor pode perder o controlo da direcção do veículo, e consequentemente da sua trajectória, sendo este risco tanto maior quanto mais elevada for a velocidade.
Para compensar este efeito o condutor deve reduzir a velocidade e virar o volante para o lado donde sopra o vento, não esquecendo que ao entrar numa zona mais abrigada é necessário retomar a posição normal do volante.
Também em zonas ventosas e em presença de veículos de "duas rodas" o condutor terá que estar atento a desvios imprevistos da trajectória destes veículos, muito vulneráveis à força do vento.
Atenção:
Na condução sob condições atmosféricas adversas o condutor deve evitar a realização de manobras desnecessárias, sobretudo da manobra da ultrapassagem e reforçar a adopção de uma condução defensiva, adaptando a sua condução, particularmente, à redução da visibilidade e da aderência ao piso.
Quando viajar com condições meteorológicas adversas, sintonize as rádios nacionais e/ou locais para obter informações sobre o estado do tempo e das condições do tráfego nas vias.

Base legislativa
• Artigo 23º do Código da Estrada.
• Alínea h) do nº 1 do Artigo 25º do Código da Estrada
• Nº 1 do Artigo 59º do Código da Estrada, em conjugação com a alínea b) do
nº 1 do Artigo 61º do Código da Estrada.
• Alínea d) do nº 1 do Artigo 61º do Código da Estrada.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Vagas de frio: proteja a sua saúde



Quando a temperatura desce significativamente abaixo do normal, é importante que se mantenha quente e seguro. Fique a saber quais os principais problemas relacionados com o frio e como actuar.

Embora permanecer em casa o maior tempo possível ajude a reduzir o risco de acidente de automóvel e quedas, poderá também enfrentar riscos domésticos. Muitas casas estarão muito frias quer devido à falta de energia quer pelo sistema de aquecimento não ser adequado à temperatura.
Quando somos forçados a utilizar aquecedores e lareiras para nos mantermos quentes o risco de incêndio aumenta bem como o de intoxicação por monóxido de carbono. A exposição a baixas temperaturas, no interior e no exterior, podem causar riscos sérios ou letais para a saúde. Crianças e idosos são grupos particularmente vulneráveis mas qualquer um pode ser afectado.
Para se manter a si e à sua família seguros deverá saber prevenir problemas de saúde relacionados com o frio e o que fazer em casos de emergências de saúde com ele relacionadas. Os procedimentos de emergência aqui descritos orientam-no para saber quando pedir auxílio médico e o que fazer até à sua chegada.

EMERGÊNCIAS MÉDICAS RELACIONADAS COM O FRIO

HIPOTERMIA

Quando exposto a baixas temperaturas o corpo perde calor mais depressa do que o que consegue produzir. A exposição prolongada ao frio irá eventualmente usar a energia acumulada do seu organismo. O resultado é hipotermia (temperatura corporal excessivamente baixa), que afecta o cérebro fazendo com que a vítima não pense claramente nem se mova com a facilidade habitual. Isto torna a hipotermia particularmente perigosa pois a pessoa poderá não se aperceber da sua situação e assim não fazer nada para corrigir a situação.
A hipotermia é mais frequente quando a temperatura ambiente é muito baixa mas poderá acontecer com temperaturas superiores se uma pessoa arrefecer com a chuva, suor ou submersa em água fria.
Vitimas de hipotermia são geralmente :
1) Idosos com fraca alimentação, roupa ou aquecimento;
2) Bebés que dormem em quartos frios;
3) Pessoas que permanecem por períodos prolongados no exterior, sem abrigo, montanhistas, caçadores etc;
4) Consumidores de álcool ou drogas ilícitas.

RECONHECER A HIPOTERMIA

Sinais de aviso
Adultos
- Tremores, exaustão;
- Confusão, mãos inquietas;
- Perda de memória, fala “lenta”/baralhada/ confusa;
- Sonolência
Crianças
- Pele muito vermelha e fria;
- Apatia.

O QUE FAZER?
Se notar alguns destes sinais procure ajuda médica. Em caso de emergência ligue 112.
Aqueça a pessoa da seguinte forma :
- Coloque a vítima num quarto quente ou num abrigo;
- Se a vítima estiver com a roupa molhada retire-a;
- Aqueça a parte central do corpo primeiro utilizando um cobertor
- Bebidas quentes podem ajudar no aumento da temperatura corporal mas não administre bebidas alcoólicas. Não tente dar de beber a uma pessoa inconsciente;
- Após a temperatura do corpo ter subido mantenha a pessoa seca e quente enrolada num cobertor incluindo cabeça e pescoço;

QUEIMADURAS PELO FRIO
Queimaduras pelo frio são lesões causadas por congelação, mais frequentes em zonas de grande altitude, que condicionam perda de sensibilidade e de cor nas zonas afectadas. Afectam mais frequentemente o nariz, orelhas, bochechas, queixo, dedos das mãos e dos pés. O risco de queimaduras aumenta nas pessoas com insuficiência vascular e em pessoas vestidas desadequadamente para temperaturas frias.

COMO RECONHECER QUEIMADURAS PELO FRIO
Ao primeiro sinal de vermelhidão ou dor em qualquer zona da pele saia do frio e proteja a pele exposta – as queimaduras poderão estar a começar.
Qualquer dos seguintes sinais poderão indicar queimaduras:

- Área da pele branca ou acinzentada;
- Pele invulgarmente firme;
- Formigueiro;

A vítima muitas vezes não tem consciência das queimaduras porque os tecidos congelados estão adormecidos.

O QUE FAZER
Se detectar sinais de queimaduras procure ajuda médica. Uma vez que tanto as queimaduras e a hipotermia resultam da exposição, primeiro determine se a vítima mostra sinais de hipotermia, como descrito anteriormente. A hipotermia é uma situação mais séria e requer ajuda médica.
Se existirem queimaduras sem sinais de hipotermia e não existir auxílio médico imediato, proceda da seguinte forma:
- Vá para um local quente logo que possível;
- Só em caso de necessidade absoluta ande com pés ou dedos queimados
- Coloque a área afectada em água morna – não quente (a temperatura deverá ser confortável ao toque nas áreas do corpo não afectadas);
- Ou, aqueça a área afectada com calor corporal
- Não esfregue a área queimada com neve ou sequer a massaje, pois pode causar mais danos;
- Não use compressas aquecidas, lâmpadas quentes ou o calor de um fogão, lareira ou radiador para aquecer uma vez que as áreas afectadas estão dormentes e poderão queimar facilmente.

Estes procedimentos não substituem os cuidados médicos apropriados. A hipotermia é uma emergência médica e as queimaduras devem ser avaliadas por pessoal de saúde. É uma boa ideia fazer um curso de socorrismo e de reanimação cárdio-pulmonar para se preparar para os problemas relacionados com o frio.
Saber o que fazer é uma parte importante de protecção da sua saúde e da dos outros.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

INCÊNDIOS EM CASA – PROTEJA-SE!

No nosso país, em 2007, de 9964 incêndios urbanos, 6487 ocorreram em habitações, com 33 vítimas mortais.

Durante o ano de 2008 os incêndios urbanos fizeram 32 mortes em Portugal, dos quais 25 foram em habitações.

Desde o início do ano 2009 já se registam 9 vítimas nas suas residências!

Algumas dessas mortes nas habitações poderiam ter sido evitadas se fossem observadas as atempadas medidas de prevenção e as devidas cautelas de autoprotecção.

A maioria dos incêndios em casa dá-se devido a problemas com a rede eléctrica, rede de gás ou fontes de calor. A cozinha é o local onde muitos incêndios têm origem.

Nesta altura do ano, dadas as condições atmosféricas, em que se prevê mais frio e uma consequente maior utilização de sistemas de aquecimento, a população deve minimizar os riscos que muitas vezes lhes estão associados.

Siga os conselhos da Protecção Civil:

Aquecer o lar:

· Afaste os aquecedores de móveis;

· Não seque a roupa nos aquecedores;

· Afaste os produtos inflamáveis de uma fonte de calor;

· Guarde os líquidos inflamáveis em recipientes fechados e coloque-os em locais ventilados;

· Proteja devidamente a lareira para que não se torne um foco de incêndio;

· Não abandone velas acesas ou mal apagadas;

· Nunca se esqueça do ferro de engomar ligado.

Rede eléctrica:

· Não faça reparações improvisadas;

· Substitua os fios eléctricos em mau estado;

· Use fusíveis adequados;

· Evite sobrecarga – não ligue demasiados aparelhos na mesma tomada, principalmente os de elevado consumo;

· Nunca apague com água um incêndio de origem eléctrica;

· Não aproxime água de instalações eléctricas – há perigo de ficar electrocutado.

Rede de gás:

· Faça a revisão periódica das tubagens – para verificar se há fugas aplique água com sabão. Nunca utilize uma chama;

· Se detectar alguma fuga chame imediatamente um técnico do gás. Se cheirar a gás não faça qualquer tipo de chama, não ligue nem desligue interruptores ou aparelhos eléctricos, abra as janelas, feche as válvulas de segurança do contador e de corte do redutor e contacte de imediato um técnico qualificado.

Cozinha:

· Nunca saia de casa com o fogão ou o esquentador ligado;

· Não deixe, junto a janelas, aparelhos a gás ligados;

· Se a gordura da frigideira se incendiar desligue de imediato o gás, não retire a frigideira do fogão, pois iria espalhar o fogo e use uma tampa, um prato ou uma toalha húmida para extinguir o incêndio;

· Mude periodicamente o filtro do exaustor;

· Não avive as chamas do fogareiro com álcool, gasolina ou qualquer outro líquido inflamável.

A PROTECÇÃO COMEÇA SEMPRE EM SI!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A medula óssea, popularmente conhecida como "tutano", é um tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna de vários ossos e fabrica os elementos figurados do sangue periférico como: hemácias, leucócitos e plaquetas.
A medula óssea é, pois, um órgão hematopoiético. Ela é constituida pelas linhagens que originam os três elementos citados acima, de células que tomam parte na fabricação do osso (osteoblastos e osteoclastos), de células e fibras que compõem uma malha para sustentar todas as células referidas (fibras e células reticulares).

É no interior dos ossos, na Medula Óssea, onde estão as células progenitoras das células sanguíneas. Ali também têm origem as alterações que vão ser responsáveis por inúmeras doenças.

A medula óssea é constituída por um tecido esponjoso mole localizado no interior dos ossos longos. É nela que o organismo produz praticamente todas as células do sangue: glóbulos vermelhos (Eritrócitos), glóbulos brancos (Leucócitos) e plaquetas (Trombócitos). Estes componentes do sangue são renovados continuamente e a medula óssea é quem se encarrega desta renovação. Trata-se portanto de um tecido de grande atividade evidenciada pelo grande número de multiplicações celulares.

Estima-se que num adulto médio, com aproximadamente 5 litros de sangue, existam em cada centímetro cúbico de sangue cerca de 4,5 milhões de glóbulos vermelhos, 6 mil glóbulos brancos e 300 mil plaquetas. Isso significa um total aproximado de 22,5 bilhões de glóbulos vermelhos, 30 milhões de glóbulos brancos e 1,5 bilhão de plaquetas.

As células sanguíneas têm vida curta: os glóbulos vermelhos têm uma vida média de 120 dias, os glóbulos brancos vivem em média 1 semana, as plaquetas 9 dias. Há, portanto, células permanentemente morrendo, sendo destruídas ou eliminadas e substituídas por novas células normais.

Medula óssea

Ao nascermos todos os nossos ossos contém medula capaz de produzir sangue: a medula vermelha. Com a passagem dos anos, a maior parte da medula vai perdendo sua função, sendo substituída por tecido gorduroso que passa a ser chamada de medula amarela.

No adulto apenas alguns ossos continuam exercendo essa função: as costelas, o corpo das vértebras, as partes esponjosas de alguns ossos curtos e das extremidades dos ossos longos dos membros superiores e inferiores, assim como o interior dos ossos do crânio e do esterno.

Os outros ossos do esqueleto do adulto possuem medula amarela e portanto, em condições normais, são incapazes de produzir sangue. Quando há uma necessidade maior, como no caso de uma anemia, parte desta medula óssea amarela pode voltar a produzir células sanguíneas.

A medula óssea mantém-se em atividade intensa e ininterrupta para produzir células sanguíneas e para isso depende de abundante e contínuo suprimento de substâncias.

Para elaborar novos glóbulos vermelhos ela aproveita restos de glóbulos vermelhos envelhecidos e destruídos. O ferro contido na hemoglobina é deixado na medula pelos Eritrócitos que chegam ao fim da vida e novamente utilizado pela medula para formar novas moléculas de hemoglobina.

Células fagocitárias do baço, fígado, gânglios linfáticos e da própria medula encarregadas de englobar os glóbulos envelhecidos e destruí-los no interior do seu citoplasma, lançam o ferro na circulação para aproveitamento futuro. Grande parte deste ferro fica armazenado no fígado e na medula. O ferro da dieta, absorvido pela mucosa do intestino delgado, complementa as necessidades diárias deste elemento.

Outra substância indispensável ao funcionamento do tecido hematopoético é a vitamina B12. Quantidades muito pequenas desta vitamina são necessárias diariamente, mas para que ela seja absorvida e aproveitada pelo organismo, exige a presença do factor intrínseco da vitamina B12, açúcar de natureza complexa, sintetizado pelas células da mucosa do estômago.

A falta desta substância leva a uma diminuição da produção de células sanguíneas pela medula e o aparecimento de precursores de tamanho aumentado, os megaloblastos. A este tipo de anemia denomina-se anemia megaloblástica. O ácido fólico, uma das vitaminas do complexo B, também está relacionado com a produção dos glóbulos vermelhos pela medula óssea. As duas substâncias desempenham importantes papéis em numerosas reacções bioquímicas que envolvem os ácidos nucleicos.

Transplante de medula óssea (TMO) ou transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) é um procedimento médico da área da hematologia e oncologia que envolve o transplante de células tronco hematopoiéticas provenientes da medula óssea do doador. Esse procedimento é indicado principalmente em doenças da medula óssea e certos tipos de câncer hematológicos. O TMO surgiu na década de 70, graças ao pioneirismo de E. Donnall Thomas e colaboradores, reconhecido mais tarde com o Prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina. A principal característica desse procedimento e o que a difere da maioria dos transplantes de órgãos é que no TMO o receptor recebe por via endovenosa um aspirado de células de medula óssea do doador, e essas células migram pelo sangue até se fixarem na medula óssea do receptor e voltarem a se multiplicar e cumprir suas funções fisiológicas no hospedeiro. Apesar de aparentemente simples, ainda é um procedimento de risco e está indicado apenas em doenças graves. As principais complicações são infecções, recidivas da doença anterior e a doença do enxerto versus hospedeiro (graft versus host disease - GVHD), aonde as novas células do sistema imunológico, ao não reconhecer as células do hospedeiro, passam a destruí-las como se fossem uma infecção.

Condições tratadas com TMO

Adquiridas - Direcciona

Congênitas - direcciona

Como posso ser dador de medula óssea?

Se tem entre 18 e 45 anos, boa saúde e gostava de ser dador voluntário de medula, basta que transmita ao CEDACE ou aos Centros de Dadores a sua vontade. Deverá fornecer nome e morada, após o que irá receber um folheto informativo do processo e um pequeno questionário clínico que deverá preencher e devolver. Esse questionário vai ser depois avaliado por um médico. Caso não haja nenhuma contra-indicação, será chamado para fazer os seguintes testes:

  • Tipagem HLA_AB DR
  • Marcadores virais: HbsAg, Anti-HCV, Anti-HIV 1, 2

Estes dados serão guardados numa base informática nacional e internacional e serão usados sempre que um doente nacional ou internacional seja proposto para transplantação de medula óssea.

O que é o CEDACE?

CEDADE é a designação abreviada de Centro Nacional de Dadores de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão. Na prática, trata-se do Registo Nacional de Dadores Voluntários de Células de Medula Óssea, criado em 1995, com o objectivo de responder a doentes que necessitavam de um transplantam mas não tinham dador familiar compatível.

O que é a medula óssea?

A medula óssea é um tecido de consistência mole que preenche o interior dos ossos longos e as cavidades esponjosas de ossos, como por exemplo os da bacia. É nesse tecido que existem células progenitoras, ou seja, com capacidade para se diferenciarem e dar origem a qualquer célula do sangue periférico. São as chamadas stem cell ou células progenitoras/estaminais, em português. Estas células renovam-se frequentemente, mantendo um número relativamente constante.

Apesar de genericamente se falar de transplantação de medula óssea, de facto o que se faz é uma reinfusão ou transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula do dador. Estas células saudáveis vão substituir as células doentes e são responsáveis pela formação de novas células saudáveis. Mas para que o transplante tenha sucesso, as células saudáveis devem ser o mais possível compatíveis com as células do doente.

Como se processa a colheita de células de transplantação óssea?

Existem dois processos de colheita de células para transplantação de medula:

  • Colheita a partir da medula óssea - Células progenitoras colhidas do interior dos ossos pélvicos. Requer geralmente anestesia geral e uma breve hospitalização;
  • Colheita de células progenitoras periféricas - Colheita feita no sangue periférico, através de um processo chamado aférese, em que o dador tem de tomar previamente um medicamento que é um factor de crescimento que vai fazer aumentar a produção de células progenitoras no sangue.

Além destes dois métodos, existe ainda outra fonte de células progenitoras que são as células do cordão umbilical. Neste caso, após consentimento prévio da mãe, as células são colhidas do cordão umbilical quando o bebé nasce. O cordão umbilical tem uma percentagem muito elevada de células progenitoras mas como a quantidade geralmente é pequena, são utilizadas, sobretudo, na transplantação de crianças.

Qual a probabilidade de encontrar um dador compatível?

Considerando todas estas abordagens, aproximadamente 80 por cento de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível. Esta percentagem subiu significativamente (em 1991 era 41 por cento) depois do esforço que foi feito mundialmente no recrutamento de dadores. Só que nem todos os doentes para os quais foi identificado um dador idêntico chegam à fase do transplante.

Pode um dador desistir do processo após saber que é compatível com um doente?

Como voluntário o dador não tem nenhuma obrigação legal. Um potencial dador com compatibilidade com um doente que necessite de transplante de medula pode, por diversas razões, retirar-se do processo. As decisões individuais serão sempre respeitadas.

É perfeitamente natural que apareçam duvidas, hesitações ou mesmo recusas quando um dador é contactado. Mas depois de ponderados os prós e contras, o dador deverá tomar uma decisão e saber que, se for alterada tardiamente, poderá ser fatal para o doente.

Quem paga o processo da doação?

Todos os procedimentos médicos que envolvem a doação são cobertos pelo subsistema de saúde do doente, bem como as viagens e outros custos não médicos. Os únicos custos que poderão vir a ser imputados ao dador são os referentes ao tempo que necessita despender no processo de doação.

Só se pode dar medula uma vez?

Não, a medula é um tecido que se regenera rapidamente, pelo que é possível fazer mais do que uma dádiva.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

paragem cardio-respiratória

A paragem cardio-respiratória ou PCR é a interrupção da circulação sangüínea que ocorre em conseqüência da interrupção súbita e inesperada dos batimentos cardíacos ou da presença de batimentos cardíacos ineficazes. Após uma PCR o indivíduo perde a consciência em cerca de 10 a 15 segundos devido à parada de circulação sanguínea cerebral.

Caso não haja retorno à circulação espontânea e o paciente não seja submetido a ressuscitação cardiopulmonar, a lesão cerebral começa a ocorrer em cerca de 3 minutos e após 10 minutos de ausência de circulação as chances de ressuscitação são próximas a zero.

Ritmos de Parada Cardiorrespiratória

A parada cardiorrespiratória pode ocorrer na presença de três ritmos cardíacos diferentes:

  • Fibrilação Ventricular ou Taquicardia Ventricular sem Pulso: Ritmo de PCR mais freqüente em PCR fora do hospital, responsável por cerca de 80% dos episódios. Caracteríza-se por um ritmo cardíaco rápido e irregular e ineficaz.
  • Assistolia: Ausência de ritmo cardíaco, nesse ritmo há interrupção da atividade elétrica do músculo cardíaco.
  • Atividade Elétrica sem Pulso: Nesse ritmo existe a presença de atividade elétrica no músculo cardíaco porém os batimentos não são eficazes e não há circulação sangüínea.

As causas da PCR são variadas, normalmente resultando de: choque circulatório, choque séptico, trauma, doença cardiovascular entre diversas outras causas.

Desde a antigüidade diversos médicos perceberam a importância em elaborar um tratamento para PCR, muitas técnicas foram criadas (p. ex. colocava-se a pessoa em PCR em cima de um cavalo e o deixava trotar; colocava-se um barril em cima do peito da pessoa em PCR ...), todas elas tinham como base fundamental a compressão torácica. Desde a década passada, entretanto, a AHA (American Heart Association) reuniu os maiores pesquisadores do mundo para a formação de um protocolo de atendimento univesal, daí foi criada a Reanimação Cardiorrespiratória (RCP) e dois livros o BLS (Basic Life Suport) e o ACLS (Advanced Cardiology Life Suport). Esses protocolos universalizaram o atendimento de emergência ao paciente cardivascular grave.

DEA, Desfibrilador Automático Externo. Equipamento capaz de efetuar a leitura da ocorrência de Fibrilação Ventricular (FV), efetuando desfibrilação automática com choque monofásico de 360 Joules ou Bifásico de 200 Joules.